Texto publicado em março de 2022 em minhas redes sociais.
Poucas coisas no mundo são tão instigantes quanto as teorias da conspiração! Não dá pra negar. Se você está numa roda de amigos e pinta um assunto polêmico, e alguiém manda uma frase do tipo “Isso é o que eles querem que você pense!”, o clima já muda e todo mundo quer saber por que a pessoa disse isso. Quem são eles afinal? O governo, a mídia, os bilionários, os maçons, os illuminati… ! O homem chegou mesmo na lua? A máfia matou o Kennedy? A Copa do Mundo de 1998 foi comprada? O FBI matou John Lennon? A facada de Bolsonaro às vésperas da eleição foi armada pelos bolsonaristas? A Terra é mesmo redonda?
Ah, são tantas perguntas deliciosas de serem debatidas! Mas, falando sério, a resposta para a maioria dessas perguntas é bem óbvia e a menos interessante possível. Mas, de qualquer modo, nos faz pensar. Eu estava vendo as notícias sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, e os desdobramentos disso no ocidente. Sem entrar no mérito de quem está certo ou errado, até porque tá todo mundo errado numa guerra, mas uns mais errados que outros. Enfim, sem entrar nesse mérito, chama a atenção a maneira como o presidente dos Estados Unidos está lidando com a situação. Claro, os Estados Unidos sempre foram enxeridos e se meteram em vários conflitos (sempre com intenções sórdidas) e sempre fizeram merda. Foi assim no Vietnã, Afeganistão, no Iraque… O caso é que parece que todo presidente dos Estados Unidos sente uma necessidade incontrolável de ter uma guerra pra chamar de sua. Biden está num frenesi que só fala nisso. Tá cheio de dedos pra mandar uma turma lá, com certeza.
Pensar nisso me fez lembrar de um filme inacreditável, que eu assisti pela primeira vez quando estava na faculdade de jornalismo. Gostei tanto do filme que depois revi uma porção de outras vezes ao longo dos anos, no tempo que ainda tinha video locadoras. Eu alugava esse filme direto. Estou falando de Mera Coincidência, uma tradução tosca, mas bem intencionada, do título original Wag the Dog. O filme é de 1997, dirigido pelo Barry Levinson e com um elenco arrasador, com Robert DeNiro, Dustin Hoffman, Woody Harrelson, Anne Hech, Kirsten Dunst, Willian H. Macy e Willie Nelson.
Antes de falar do que se trata o filme, vale falar do título. O título em inglês é uma expressão que, numa tradução livre, significa “o rabo abanando o cachorro”. Quando você assiste o filme, este título faz todo o sentido do mundo. O título em português também faz, funciona bem. Mas perde um pouco a graça. Mas é o seguinte. No filme, o presidente dos Estados Unidos é acusado de assédio sexual semanas antes das prévias das eleições, nas quais ele é candidato a reeleição. A assessoria da Casa Branca então contrata alguns profissionais, que vão forjar uma guerra, em que os Estados Unidos vão intervir. Isso não só vai desviar a atenção do público da acusação de asédio, como vai unir a nação e fazer com que haja empatia pelo governo bondoso, que busca pacificar países injustiçados mundo afora. Sem exagero. É um filme incrível, empolgante, divertido e, por mais que seja Hollywood, tenha um monte de exageros, o tempo todo fica aquela pulga atrás da orelha que te faz pensar: “Cara, isso pode mesmo acontecer e a gente não se liga.” Claro que o ataque covarde e injustificável da Rússia contra a Ucrânia não é nada inventado. Está acontecendo mesmo e é muito triste. Mas sempre que vejo o Biden discursando sobre o conflito, acabo lembrando deste filme.
Pra fechar este texto com o clima de teoria da conspiração lá em cima, te digo o seguinte. Este filme é inacreditável de bom e eu recomendo muito que você assista. Porém, onde assistir? Pois é. Nas principais plataformas de streaming ele não se encontra. Netflix, Amazon Prime, Disney Plus, Globoplay, HBO Max… simplesmente não tem onde ver. Nem mesmo o Youtube, que tem o esquema de você alugar uns filmes completos e tal, também não tem. Quem diria que um filme que talvez seja tão revelador não esteja disponível em lugar nenhum, para que ninguém o veja. E olha que se trata de um filme notável, afinal, além do elenco de peso citado, o diretor Barry Levinson não é qualquer um. Ele é responsável por grandes obras como Bom Dia, Vietnã, Rain Man e Bugsy! Então é isso. Hoje eu te recomendo assistir um filme que, aparentemente, “eles” não recomendam.