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O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA?

Texto publicado no Diário do Sudoeste em julho de 2019.

Até o final da década de 1950 o chapéu era acessório indispensável para a maioria dos homens. Apesar de os primeiros chapéus datarem de 2.000 a.C, foi no Renascimento (século XV) que os chapéus passaram a ser mais utilizados, em diferentes formatos e simbolizando diferentes status sociais. Após a revolução industrial e o capitalismo, veio o conceito de moda mais abrangente e eles deixaram de representar status social, mas continuaram na cabeça de todo mundo, para proteger do sol, do frio ou simplesmente por puro estilo.

Ainda que esteja voltando à moda o uso de alguns modelos de chapéu, o hábito de se usar chapéu diariamente é cada vez mais raro, principalmente entre os jovens. Hoje em dia estão na moda os chapéus do tipo Trilby e Porky Pie, que tem aba curta e coroa mais baixa, podem ser encontrados em diversas cores e materiais. Também usa-se muito o estilo cowboy, de abas largas e coroa alta, adotado pelos que fazem o estilo country. Um dos mais populares antigamente e mais tradicionais até hoje, é o estilo Fedora, imortalizado pelo personagem Indiana Jones.

Fedora é o estilo de chapéu que eu adotei há alguns anos. Eu nunca fui de usar bonés ou boinas, muito menos chapéus. Mas, de uns tempos pra cá, meus cabelos vem caindo vertiginosamente. Com a proeminente calvície, durante um inverno mais rigoroso, resolvi comprar algo para proteger minha cabeça do frio. Eu pensava num gorro ou algo assim. Mas quando cheguei na chapelaria, vi um chapéu muito parecido com o que meu avô usava. A semelhança e a lembrança de um dos caras mais importantes na minha vida foram suficiente para que eu o comprasse.

Hoje, tal qual meu avô enquanto vivo, adquiri o hábito de usar meu chapéu diariamente. Não coloco o pé pra fora de casa sem ele. Aquele primeiro chapéu que comprei era de qualidade duvidosa. Se desfez rapidamente. Desde então, me tornei um entusiasta dos chapéus. O que uso atualmente é um modelo Fedora marrom escuro número 56, este sim idêntico ao que meu avô usava. O comprei na chapelaria mais tradicional de São Paulo, na Rua do Seminário. Custou caro, mas é de uma marca ótima, super confortável e bem acabado.

Uns dias atrás, um senhor, já com seus setenta anos, me parou na rua para elogiar o meu chapéu. Ele usava um do mesmo modelo, mas de cor cinza claro, muito bonito também. Agradeci o elogio e comentei que é uma pena que o hábito de se usar chapéu esteja sumindo. E ele rebateu: “Hoje em dia parece que as pessoas não tem nada na cabeça, aí não faz sentido mesmo usar chapéu.”. Não é que eu concorde 100% com ele.

Mas é de se pensar.

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